
Desse canto que a gente vem.
Corre notícia que terra preta quando incha d’água brota seres fortes. E de pés cheio de lama, arrasta essa terra escura pelos quatro cantos que apontam o olhos, pelas várias direções que o tempo nos leva a caminhar. Abre os caminho rota adentro, refaz trajetos não mais esquecidos, constrói aqui/ali bases de sustentação pra um cais de retorno, repouso. É, às vezes teimando em voltar no passado, mas o futuro tá é aqui.
O vento corre cortando a pele y deixando o sangue escorrer, a pálpebra seca, os brancos cansam y o pensamento de esvai. Mas aqui, nessa terra que a gente vem, a gente toma banho é de fogo y escolhe nossa espada entre as plantas, abre [mais uma vez] o caminho y deixar que outros por ele também passem. Desse canto que a gente vem, olhar enviesado é o básico para dias comuns, andar feito cobra rasteira é a nossa norma. Deixar arder o corpo até queimar o tempo.
Desse canto que a gente chega não há unidade, não há uniformidade, não há pasteurização. O que se faz aqui é mais do que a forma, a estética ou a imagem apreendida, e sim, o que atravessa o conteúdo posto e deixa o ar impregnado de dúvidas, de cortes, de não-interpretações. Nas questões costuradas pela experiência que não precisam da teoria para serem validadas. O objeto reconfigura-se, a imagem se expande e a forma se constrói. Não é sobre a forma, é sobre o conteúdo. Não é sobre semelhanças, é sobre viver y sobreviver.
Território somos nós, quer queiram eles ou não, vocês querendo ou não, território é a gente porque a gente é o que é. Y pras bandas que a gente vai, não tem volta, não.

O Salão de Artistas sem Casa é uma iniciativa da Carnaúba e da Casamata, e se constitui como uma exposição coletiva que reúne trabalhos de artistas visuais de Fortaleza. A primeira edição do salão é dividida em duas partes com duas aberturas, cada uma delas reunindo trabalhos de dois ou três artistas, num formato de processo aberto e ateliê expandido. O salão tem o objetivo de documentar, divulgar e expor a produção de artistas visuais que ainda não tiveram circulação nos salões de arte, que tenham participado de no máximo cinco exposições coletivas e que não tenham tido nenhuma exposição individual. Esse salão tem como título/movimento TERRITÓRIO SOMOS NÓS.
- Curadoria: Clébson Francisco
- Realização: Casamata e Carnaúba Cultural
- Produção: Malu Costa, Mike Dutra, Clébson Francisco, Gabriel Gadelha
- Identidade visual: Anie Barreto
Artistas
Aline Furtado
Amanda Monteiro
Clébson Francisco
Dhiovana Barroso
Marissa Noana
Pedro Silva
Rodrigo Lopes
Ronald Horácio
Terroristas del Amor
Parte 1: 7 a 14 de junho [Terroristas del Amor, Rodrigo Lopes, Clébson Francisco, Pedro Silva, Aline Furtado e Ronald Horácio].
Parte 2: 20 a 28 de junho [Clébson Francisco, Pedro Silva, Marissa Noana, Amanda Monteiro e Dhiovana Barroso ]
Visitação de terça a sexta, das 14h às 21h.
Rodas de conversas 13 e 27 de junho, e 11 de julho, sempre com a presença de artistas da exposição.
Carnaúba Cultural, R. Instituto do Ceará, 164 – Benfica, Fortaleza – CE, 60015-300
Vídeo por: Lua Alencar