O Desmonte Colonial é um programa de ativação, acompanhamento artístico e formação, voltado para artistas e pesquisadores de campos diversos da arte e da educação. Para além de um exercício-bússola do caminho é um programa que surge como plataforma de desaprendizagem da linguagem que domina e se impõe sobre nossos fazeres-saberes. A proposta visa reunir artistas do campo das artes visuais, da imagem, da educação, do corpo, e de conhecimentos tantos, para pensar e estruturar conversas abertas sobre história, memória, processos artísticos e anticolonialidade, a partir de perspectivas interdisciplinares. Reunindo artistas, pesquisadoras/es e educadoras/as que, em conversas e ativações, formulam outras possibilidades de estar no mundo, compartilhando de suas pesquisas e processos múltiplos.
Esse ciclo formativo será mediado por Ana Aline Furtado e Clébson Francisco, e contará com a participação de curadoras convidadas, sendo: Kaciano Gadelha, pesquisador, sociólogo e curador, e de Ana Lira, artista, curadora e pesquisadora. O desenho desse ciclo visa formar e fomentar as artistas que participaram das três edições anteriores que são: Eduardo Moreira, David Felício, Izabelle Louise, Victor Freitas, George Ulysses, Karina das Oliveiras, Tamires Ferreira, Pedra Silva, Maira Abreu Rocha, Dhiovana Barroso, Marissa Noana, Darwin Marinho e Maria Cecília Calaça. Essa formação imersiva se dará através de encontros virtuais entre artistas, mediadores e as curadoras convidadas, durante três encontros virtuais de cerca de 3h cada, na plataforma de videoconferência Meet.
Não se desmonta a colonização, sem desmontar a educação e a formação dos meios pelos quais se dão a ver o saber centrado na normatividade.
Por esta razão, o ciclo prevê um evento aberto – em formato de live de 1h30 de duração – com a participação das curadoras convidadas e, tendo como contrapartida uma formação sobre arte desobediente e educação transformadora para bibliotecas comunitárias de Fortaleza e seu público.
Serão debatidas questões como de que forma as artes contribuem, enquanto formulação e produção de conhecimento, no processo de desmonte da máquina colonial e que mecanismos são construídos e que instâncias de discussão são agenciadas nos múltiplos espaços e redes. Tem, portanto, como escopo: ampliar percepções, sair do próprio eixo, deslocar olhares, afastar-se para ver melhor, com outro olhar/sentido.
Este projeto parte de uma perspectiva que considera o desmantelamento epistêmico da dominação um dos caminhos para a efetivação de justiça epistêmica contra o racismo estrutural, a precariedade e a marginalização, a destruição da natureza , para a reparação da dívida histórica do sistema colonial. Só reconhecendo a dívida e reparando-a, poderemos pensar enquanto uma sociedade que anseia viver um mundo melhor e afirmar que estamos caminhando para isso, do contrário, só o abismo social e político
Inscrição para participantes externos.
Convidades



Ana Lira é artista visual e fotógrafa que vive em Recife, Brasil. As experiências artísticas de Ana Lira buscam discutir vivências políticas e ações coletivas como processos de mediação. Relações de poder e implicações nas dinâmicas de comunicação estão entre os seus principais interesses no desenvolvimento de projetos. A artista propõe articulação de narrativas visuais, material de imprensa, mídias impressas e publicações independentes, desenvolvendo trabalhos de pesquisa, curadoria, projetos educacionais e projetos visuais. É especialista em Teoria e Crítica de Cultura. Desenvolve pesquisas nas quais discute geopolítica de acessos e potencialidades das produções negras.
Kaciano Gadelha é professor Adjunto de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande – FURG e membro do Neabi (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas) da FURG. Doutor em Sociologia magna cum laude pela Freie Universität Berlin (2014). Foi bolsista do International Research Training Group Between Spaces Movements, Actors and Representations of Globalisation no Instituto de Estudos Latino-Americanos (LAI) da Freie Universität Berlin (2010-2013). Integrou o coletivo (heidy), compondo a equipe curatorial da exposição What is Queer Today is not Queer Tomorrow, de 14 de junho a 10 de agosto de 2014, na Neue Gesellschaft für Bildende Kunst, em Berlim, Alemanha. Participou dos festivais internacionais Valongo Festival Internacional da Imagem, em 2018, na cidade de Santos, e da Transmediale – Festival for Art and Digital Culture na Haus der Kulturen der Welt, em 2014, em Berlim. Realizou estadia de pesquisa no Programa Universitario de Estudios de Género na Universidade Nacional Autônoma do México (PUEG-Unam), em 2011. Foi doutorando visitante no Institute of Latin American Studies na Columbia University, Nova Iorque, em 2012, através de intercâmbio entre a Freie Universität Berlin e a Columbia University. Foi estudante especial no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Unicamp no primeiro semestre de 2011, e docente convidado no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Museu Nacional UFRJ no primeiro semestre de 2017.